Alemanha 1×2 Japão: Por que os alemães fracassaram contra os japaneses?

O mundo do futebol foi pego de surpresa na manhã dessa quarta-feira após a chocante vitória dos japoneses frente a seleção alemã. Vamos tentar entender por que isso aconteceu:

 

1 – FORMAÇÕES:

O técnico Hansi Flick supreendeu alguns com a escalação do zagueiro Süe na lateral direita, mesmo com as opções de Kehrer e Klostermann (com preocupações físicas) como laterais de origem no banco de reservas. No ataque um desfalque muito sentido foi a de Leroy Sané, que provavelmente seria titular. No papel seria algo assim:

Dentro de campo logo de cara vimos Süe formando uma linha de 3 zagueiros, dando a Raum muita liberdade para atacar pela esquerda. Enquanto Süe segurava atrás, Gnabry ficou com todo o campo do lado direito para atacar, se transformando numa espécie de ala-direito. Musiala e Müller ganharam mais liberdade para flutuar no ataque e encostar em Kai Havertz, que não é um centroavante de origem, mas já atuou várias vezes assim na seleção e no Chelsea. Com a bola, o time se portava assim:

Sem a bola, o time se portava como no primeiro campinho, com Raum voltando para preencher a linha de 4, com Süe fazendo a direita, e Gnabry marcando mais a frente.

Do lado japonês, vimos uma equipe atuando com as linhas baixas na tentativa de congestionar o jogo alemão e sair rapidamente para o contra-ataque com os 4 jogadores mais adiantados. No segundo tempo foram várias alterações e mudanças de esquema: enquanto o time esteve perdendo a primeira aposta foi entrar com Tomyasu para a zaga e liberar os laterais como alas. Depois vimos a entrada de vários jogadores de ataque na tentativa de trazer mais gente para o campo alemão. Por último, vimos um time bem fechado após o segundo gol, exigindo que os mesmos atacantes que entraram fizessem a recomposição atrás.

2 – O JOGO:

Logo de inicio vimos as duas estratégias bem claras: A Alemanha com muita posse de bola e paciência para atacar, enquanto os japoneses se fecharam para tentar roubar a bola e acionar os jogadores de ataque rapidamente.

O inicio alemão foi meio devagar, Kamada roubou a bola de Gundogan e distribuiu imediatamente para Ito na direita. O japonês fez o cruzamento rasante para Maeda mandar para as redes, mas estava impedido. De qualquer forma foi o alerta para Alemanha já perceber como seria a estratégia japonesa.

 

Roubo de bola de Kamada
Sequência da jogada, com gol anulado do Japão

Depois desse susto a Alemanha tomou conta do jogo. Gundogan e Kimmich ditaram o ritmo do time, e o lado esquerdo com a habilidade de Musiala e o apoio de Raum gerou as melhores oportunidades, incluindo o lance do pênalti sofrido pelo próprio Raum, e depois com o segundo gol de Havertz que acabou anulado por impedimento.

Bola chegando para Raum na esquerda, que com muita liberdade sofreu o pênalti feito pelo goleiro

Para o segundo tempo, com o Japão mais agressivo e a entrada de Tomyasu para liberar os laterais para o ataque, a Alemanha encontrou mais espaços, especialmente nas costas desses laterais, porém a equipe perdeu inúmeras chances de gols, a maioria delas com grandes defesas do goleiro Gonda.

A Alemanha parecia muito mais próxima do segundo gol do que de levar o empate, por isso o técnico Moriyasu fez mais algumas alterações que levaram mais jogadores japoneses para o campo de ataque. Os alemães pareciam não estarem preparados pra isso, e por pouco não sofreram o gol após grande defesa de Neuer e chance perdida no rebote. Porém, os japoneses se animaram e foram pra cima: Após boa jogada de Mitoma pela esquerda, vários jogadores invadiram a área e após nova defesa de Neuer, Doan pegou o rebote e dessa vez não perdoou e empatou o jogo.

Jogada japonesa que gerou o gol de empate

O gol da virada foi numa falha incrível da defesa alemã. Em um lançamento originário de uma cobrança de falta vinda da defesa japonesa, Asano aproveitou as costas de Raum, ganhou do zagueiro Schlotterbeck e mesmo sem ângulo conseguiu bater Neuer.

Asano (o mais adiantado) recebe lançamento para fazer o segundo gol japonês

Pelo lado dos alemães, as substiuições de Flick não foram boas: Goretza é um jogador de extrema qualidade, mas a equipe parece ter perdido ritmo com a saída de Gundogan. Muller saiu para a entrada de Hoffman, que foi fazer a ala-direita e trouxe Gnabry para a ponta esquerda, porém Hoffman participou muito pouco das jogadas de ataque. Após a virada, ainda entraram Gotze e Fullkrug nos lugares de Musiala e Havertz, e já nos acréscimos Moukoko no lugar de Gnabry. As mudanças mantiveram o mesmo esquema de jogo, mas pareceram piorar o time. A entrada de Fullkrug como homem típico de área parecia fazer sentido, mas a saída de Musiala tirou boa parte da criatividade do time.

 

Finalizando, fica a curiosidade para ver como Flick irá montar o time para os próximos jogos. Os alemães criaram muitas chances na maior parte do jogo, mas ficam as seguintes impressões:

– Fica a sensação de uma certa displicência alemã nas finalizações após terem aberto o placar. Bem verdade que o goleiro japonês trabalhou muito bem, mas a impressão é de que poderiam ter matado o jogo;

– Após os gols sofridos a quantidade de chances criadas diminuiu muito, a equipe pareceu ter sentido psicologicamente;

– Defensivamente o time ainda parece bem desajustado. Os 3 zagueiros parecem extremamente expostos e várias vezes tiveram que ir para jogadas de mano a mano, mesmo quando a Alemanha estava na frente do placar.

 

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