A derrota brasileira para Camarões na última sexta-feira não teve grandes consequências, já que a classificação com o primeiro lugar do grupo se manteve. Porém a maneira como ocorreu para ter chocado muitos, mesmo tendo escalado um time reserva todos esperavam uma atuação melhor, por isso vamos tentar entender o que aconteceu:
1 – FORMAÇÃO:
Acima vemos a escalação brasileira no campo tático, especialmente sem a bola. Com o time quase 100% reserva, ainda assim as expectativas eram boas.
Jogando com a bola, a formação foi mais ou menos como aconteceu acima, algo que já vimos em outro post sobre o primeiro jogo. A saída de bola se deu com Fabinho encostando bastante nos dois zagueiros. Alex Telles e Daniel Alves ajudavam construindo pelo meio, com a diferença que dessa vez vimos Alex Telles ficar um pouco mais na defesa, enquanto Dani ficava apenas um pouco mais avançado. Ainda sim, os dois laterais continuavam sem atacar muito, dando espaço para Antony e Martinelli usarem bem o campo ofensivo nos extremos. Fred (e depois Bruno Guimarães) teve liberdade para atacar mais e pisar na área.
2 – O JOGO:
Com apenas poucos segundos de jogo podemos ver a seleção postada exatamente como dito acima. Reparem em Alex Telles (o 16) mais recuado pelo esquerda, enquanto Daniel Alves pela direita está mais avançado.
Essa imagem também exemplifica o que na minha opinião foi um dos problemas da equipe: a distância muito grande entre defesa e ataque e um pouco povoamento do meio-campo, região onde o Brasil poderia levar vantagem e utilizar mais para a troca de passes.
Acima vemos o primeiro ataque de perigo brasileiro no jogo: lançamento de Fred para Martinelli infiltrar e cabecear para defesa do goleiro. Essas bolas enfiadas de trás para os pontas finalizarem pouco aconteceram no jogo, muito devido ao fraco desempenho dos meias mais criativos (Fred e Rodrygo, e depois Bruno Guimarães e Everton Ribeiro) e também por conta da pouca utilização da região do meio-campo ofensivo.
Nesse chute de Fred para fora podemos ver mais uma questão: as finalizações ruins e afobadas. Fred pisou na área bem nesse lance, mas finalizou muito mal. No segundo tempo Bruno Guimarães entrou em seu lugar e pisou ainda mais dentro da área, mas também foi ainda pior nas finalizações, onde parecia muito ansioso para tomar decisões ruins.
Nesse ataque vemos ótima jogada individual de Martinelli que por pouco não fez o gol. O jogador do Arsenal foi disparado o melhor jogador brasileiro em campo e fez algo que faltou do outro lado com Antony: agressividade.
Se imaginava que os dois pontas brasileiros iriam desequilibrar o jogo pra cima dos laterais camaroneses devido a grande diferença técnica. E de fato isso aconteceu no inicio, com Martinelli indo para cima na esquerda e Antony indo muito bem pela direita, inclusive amarelando o lateral camaronês logo no inicio do jogo, mas por algum motivo Antony foi caindo de rendimento ao longo do tempo e acabou não aproveitando a oportunidade como titular.
Outro fator que prejudicou o Brasil, mas dessa vez na defesa: a fragilidade de Dani Alves nos confrontos individuais. O experiente lateral se saiu até bem na construção ofensiva e saída de bola, mas claramente não tem mais condições de encarar atacantes adversários no mano-a-mano. Os pontas camaroneses criaram algumas boas chances naquele setor, como no lance acima onde Ederson teve que salvar.
E por fim, outro fator que vem atrapalhando o Brasil: as lesões. Explico: nesse lance vemos uma postura ruim de Marquinhos no lance do gol camaronês, já que ele não atrapalhou o jogador cruzando, e também não conseguiu bloquear o cruzamento. Porém devemos considerar que Marquinhos não é lateral-esquerdo e jogou totalmente improvisado devido as lesões de Alex Sandro e depois Alex Telles. As lesões estão atrapalhando Tite na montagem do time e já sabemos que Alex Telles não consegue jogar mais nessa copa por conta do trauma no joelho. Com essa baixa o que sobra é torcer para Alex Sandro voltar rapidamente, do contrário outra improvisação terá que ser feita.
3 – CONCLUSÕES:
Resumindo o que vimos nesses lances, podemos considerar os seguintes fatores que geraram a derrota:
– Falta de entrosamento: Nunca é fácil colocar 11 reservas de uma vez e exigir que eles joguem bem. Provável que tenha sido a primeira vez que jogaram todos juntos e isso certamente pesa, vide derrotas de França, Espanha e Portugal que também usaram vários reservas;
– Distância grande entre jogadores e setores do time: e consequente falta de jogadores no meio-campo;
– Ansiedade: muitos jogadores jovens e loucos para mostrarem serviço geraram conclusões precipitadas, especialmente com Bruno Guimarães que foi mal em várias finalizações;
– Falta de agressividade nas pontas: Martinelli foi agressivo do inicio ao fim, mas por algum motivo Antony não manteve o mesmo nível na direita. Para vencer jogos vamos precisar do bom desempenho dos dois lados.
– Fragilidade defensiva: Dani Alves teve bons momentos com a bola no pé, mas prejudicou o sistema defensivo em jogadas onde teve ir pro mano-a-mano. É necessária a volta de Danilo assim que estiver recuperado.
– Lesões: não podemos desconsiderar todas as lesões que estão prejudicando a montagem do time titular e tirando opções de Tite. Até o momento perdemos Alex Telles, Gabriel Jesus, Alex Sandro, Danilo e Neymar; com esses 3 últimos já próximos de voltarem.
Apesar da frustrante derrota não podemos esquecer que jogamos com o time reserva e tivemos todos esses problemas citados acima. Para as oitavas contra a Coréia do Sul precisaremos melhorar, mas as expectativas ainda são bem positivas. A tendência é de melhora.