Depois de uma estreia desastrosa e um segundo jogo cercado de tensão, a seleção argentina, que chegou como uma das principais favoritas para o título mundial, finalmente conseguiu reencontrar o bom futebol ao dominar o jogo contra a Polônia.
1 – A FORMAÇÃO:
Em relação ao último jogo contra o México, foram 4 alterações: na defesa a volta de Romero no lugar de Lisandro Martinez e a entrada de Molina no lugar de Montiel; no meio Enzo Fernandez no lugar de Guido Rodriguez, e no ataque Julian Alvarez na vaga de Lautaro Martinez.
As entradas de Romero e Molina na defesa foram pensando principalmente na questão da altura, uma vez que o time polonês possui jogadores altos – especialmente Robert Lewandowski, que certamente causariam problemas no jogo aéreo. Enzo ganhou a vaga de primeiro volante após ter entrado muito bem na última partida e também por conta de seu ótimo momento jogando por clubes. Por último, Julian Alvarez aproveitou o desempenho ruim de Lautaro nos últimos jogos para ganhar a posição.
Falando sobre a maneira de jogar, na lateral-direita vimos Molina ficando mais atrás garantindo a segurança defensiva para Acuña poder atacar pelo lado oposto, além de dar mais profundidade para Di Maria jogar bem aberto pelo ataque direito.
No meio-campo E. Fernandez fez a saída de bola com muita qualidade, especialmente ao lado de De Paul, enquanto Mac Allister tinha um pouco mais de liberdade para pisar na área.
No ataque, enquanto Di Maria abria pela direita e alargava o campo, Alvarez fechava mais pelo meio, aproveitando as bolas enfiadas por Messi e dando espaço para Acuña atacar e chegar na linha de fundo. Messi, dessa vez atuou mais centralizado do que em outras vezes pela Argentina, mas sempre com muita liberdade para armar o jogo.
2 – O PRIMEIRO TEMPO:
A Argentina desde o inicio do jogo decidiu propor o jogo, facilitados pela postura fechada da Polônia que não fazia questão alguma de ficar com a bola.
Nos 3 primeiros ataques (nas imagens acima vemos 2 deles), se percebe bem Julian Alvarez (número 09) saindo da esquerda e indo pra dentro, abrindo espaço para Messi carregar a bola e finalizar para o gol (como na segunda imagem), ou para Acuña (bem aberto no canto esquerdo da imagem) subir pela esquerda e tentar o chute sem muita marcação (como na primeira imagem).
O lance que acabou gerando o pênalti sofrido por Messi também surgiu pelo lado esquerdo do ataque argentino. O placar só seguiu sem gols graças ao goleiro Szczęsny, que defendeu inclusive a cobrança de pênalti de Messi.
A imagem acima mostra uma variação interessante: Di Maria (número 11) troca de lado e vai para direita, dando um pouco mais de liberdade para Molina subir um pouco mais ao ataque. Com isso é Acuña (número 08) que centraliza para ajudar na construção e dar espaço para Di Maria (número 11). Alvarez também passa a atuar mais centralizado nesse momento.
2 – O SEGUNDO TEMPO:
Mesmo sem conseguir abrir o placar, a Argentina vai para o segundo tempo com a confiança de um time que dominou por completo a partida e não sofreu nenhuma ameaça polonesa. Tal confiança dá resultado: com apenas um minuto de segunda etapa, em uma rara ida do lateral Molina na linha de fundo, surge boa associação com Di Maria e um cruzamento na medida para Mac Allister chegar na área e chutar no canto do goleiro Szczęsny para fazer 1×0.
A Polônia não parece ter nenhum tipo de resposta ofensiva ou defensiva para o jogo argentino que continua a atuar da mesma forma. Nesse lance vemos Messi mais uma vez lançando a bola aproveitando espaço no lado esquerdo: Tagliafico (que entra no lugar de um Acuña amarelado) acha Mac Allister novamente pisando na área, mas dessa vez chutando para defesa do goleiro.
Scaloni resolve mexer no time para dar mais posse de bola e segurança defensiva ao time: Di Maria parece sentir uma lesão e o escolhido para substitui-lo é o volante Paredes. Dessa forma os dois laterais ganham mais liberdade para subir e Messi pode jogar mais perto do gol. No lance do segundo gol vemos o time girando a bola com seus volantes, até Enzo Fernandez achar Julian Alvarez para finalizar e fazer um belo gol.
Mesmo no prejuízo a Polônia parece incapaz de oferecer qualquer perigo e sua única ação parece ser torcer para o México não fazer o terceiro gol contra a Arábia Saudita no outro jogo do grupo. Estratégia arriscada, visto que a Argentina domina completamente o jogo e chega perto de fazer o terceiro gol que tiraria a vaga dos poloneses.
3 – CONCLUSÕES:
– Scaloni parece ter encontrado a escalação ideal, especialmente com a entrada de Enzo Fernandez como um primeiro volante de ótima saída de bola e com Julian Alvarez no lugar de Lautaro no ataque;
– Algumas alterações ainda podem acontecer na defesa, Lisandro Martinez ainda pode pintar na vaga de Romero, enquanto as duas laterais parecem em aberto, apesar dos dois titulares terem ido bem;
– A recuperação do bom futebol de De Paul talvez seja a melhor noticia para os argentinos, o meia do Atletico de Madri foi péssimo na estreia, algo que diz muito sobre a atuação ruim da Argentina. Contra a Polônia ele foi o motor do time e quase todas as bolas passarem por seus pés.
– Apesar do pênalti perdido e de ter sido a primeira partida na copa sem gol de Messi, foi a atuação mais participativa do craque argentino;
– A formação com a entrada de mais um volante no lugar de um dos atacantes funcionou muito bem no segundo tempo, e pode ser uma opção para as outras partidas quando o time estiver na frente do placar buscando ter a posse de bola mais segura;
– A Argentina definitivamente volta para o hall das favoritas ao titulo e ainda comemora um confronto teoricamente favorável contra a Austrália nas oitavas. Oportunidade para crescer ainda mais durante o torneio.